quarta-feira, setembro 21, 2005

Chegando na estação da Lapa...

Continuando meu percurso pela Revolta do Buzu II, sai ainda na segunda-feira do Politeama para a estação da Lapa. No caminho um clima de tensão no ar. Um simples engarrafamento de ônibus na Rua Direita da Piedade instigou um grupo de estudantes do Colégio Mercês para chegar perto e saber se era uma manifestação, alarme falso.

Cheguei por lá por volta das 18h na Lapa, lá encontrei uns 200 estudantes, remanescentes no local desde das 11h. Coencidentemente jornais e tv´s chegavam no local no mesmo horário.
Estavam parando os ônibus e só liberando aqueles que deixassem entrar qualquer um pela porta da frente. Muitos passageiros e motoristas estavam irritados com o engarrafamento provocado na estação. Linhas como IAPI e Massaranduba não queriam permitir a entrada de estudantes pela frente. O que gerava gritos como “ão, ão, ão dois e vinte é do feijão”.
Fui inicialmente entrevistando algumas pessoas, buscando abarcar ao máximo a diversidade de grupos que tinham naquele local. Ao procurar um estudante do PSTU ele me indicou outro para falar (seria uma ordem interna?), conversei com Hermenegildo Neto, 18 anos, pré vestibulando e ex aluno do CEFET e membro da CONLUTE. Neto, como gosta de ser chamado, explicou que o pessoal veio do CEFET pela manhã liderado pelo grupo dele. Fez um discurso contra os líderes da UJS, em especial Marcelo Gavião, um cara com mais de 22 anos e presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Segundo ele as entidades como UBES e UBE são controladas pelo PC do B, por isso não tem compromisso com as transformações sociais e sim com em “abaixar a cabeça” para o governo Lula, João Henrique e etc. Sobre o caráter anárquico do movimento Neto alegou eu o antipartidarismo se reveste do facistóide. Mas é legítimo pois representa uma descrença nos principais partidos brasileiros. Quando perguntei se eram a favor do MPL (Movimento pelo Passe Livre) não teve muita segurança, mas alegou que sim.
Ouvi da maioria que estavam ali o mesmo que Danilo Santos, 19 anos, 3º ano do Central, “o povo está nas ruas contra a opressão das elites empresariais, a tarifa não pode aumentar”.
Já perto das 19h estava encostado e cansado quando ouvi atentamente a conversa de dois estudantes do colégio militar. Um que se dizia da UJS tentava convencer ao outro que a entidade é grande, pode se filiar de graça e que está lutando pelo socialismo no Brasil.
Às 19:15h passou um Aeroporto via orla, abriu a porta de frente. Entrei e fui pra casa. Também sou estudante né?