quarta-feira, setembro 06, 2006

Até quando Domingos Leonelli vai ter paz?

Domingos Leonelli foi o personagem político que renasceu junto com Lídice após as últimas eleições municipais. Atacado por todos os flancos, seu nome foi alvo de ódio pela direita e esquerda durante a gestão fracassada de Lídice da Mata na prefeitura. O mero espectador político pensou que estivesse morto, liquidado. Não ganhava eleição para deputado, e se duvidar até pra presidente do Bahia ou Vitória (na terceira divisão). Então reaparece na nomeação dos primeiros secretários do apenas bem intencionado João Henrrique. Indicado por Lídice, ocupa a Secretaria de Economia, Emprego e Renda, um desafio para lá de espinhoso em uma das capitais do desemprego.

Não tem mais os poderes ilimitados adquiridos durante o governo de Lídice e baila sem muitas luzes na boa reputação de João, o que tem sido positivo para a péssima imagem pública de centralizador e truculento. Não sofre ataques e denúncias, ganha força aos poucos. Com a unificação forçada de amplo setor anti carlista (PT, PDT, PC do B, PMDB e PTB) para este processo eleitoral voltou a marcar mais presença na articulação política. Já aparece representando a prefeitura municipal em eventos, circula com altivez nos recintos políticos.

Vamos ver até quando sua paz continua, pois na edição do Jornal A TARDE desta quarta-feira, 06 de setembro, o Secretário já botou as “mangas de fora” e ousou emitir uma opinião contrária aos projetos da forte ADEMI-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia) no novo PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano). Leonelli declarou que os “espigões residenciais empregam muito pouco e só servem aos seus privilegiados habitantes” e que os gabaritos da orla, Paralela e demais áreas valorizadas devem ser apenas para empreendimentos turísticos que gerem emprego e renda.

A coincidência é que a prefeitura está atrasada nos novos gabaritos da orla soteropolitana. O PDDU deixa pistas que regiões como o Rio Vermelho e Pituba servirão para investimentos imobiliários milionários propondo adensamento populacional, ocupação de vazios urbanos e construções verticais. As respostas do presidente da ADEMI Guto Amoedo em edição do mês passado no A TARDE deixaram transparecer impaciência em falar do assunto, e tenta convencer que Salvador tem demanda imobiliária por moradias “decentes”. Quem conseguir por acaso o novo gabarito pelas ruas da cidade vai tomar o mesmo susto que este estudante de jornalismo: construção de prédios de 20 andares por todo Rio Vermelho!

O relator do PDDU, Rui Costa (PT), continua a fazer vistas grossas. João Henrrique dá sinais de complacência com os empresários: a venda de áreas públicas valiosas (inclusive em regiões costeiras) para pagar dívidas com a PETROBRÁS, e o provável leilão do Clube Português são alguns exemplos. A não ser a impressa ninguém quis se meter nessa briga até agora. Mas aí aparece novamente Domingos Leonelli, desta vez com razão, mas até quando vai continuar a desfilar?