domingo, fevereiro 26, 2012

A saída de Chumbinho ou como a participação e o profissionalismo podem caminhar juntos



Na despedida do Esporte Clube Vitória o diretor de futebol Newton Drummond, o "Chumbinho", declarou que a falta de profissionalismo motivou sua decisão: "Eu teria que convencer as pessoas que é preciso ter profissionalismo". E um das consequências desse quadro é excesso de participação entre os conselheiros do clube: "Todo mundo manda, mas ninguém resolve". As palavras foram proferidas na edição de sábado, dia 25/02, no jornal Correio*.

Atualmente no Vitória a maioria dos conselheiros são indicados na base da troca de favores, laços familiares ou silenciamento quando se tornam vozes de oposição. No geral, se enganam ao achar que estão ali por mérito, e até que amam mais dos que os reles mortais que frequentam as arquibancadas ou mesmo os que se quer têm dinheiro para ir ao Barradão.

Por não terem compromisso com nenhum projeto, a não ser interesses pessoais, muitos desses conselheiros e dirigentes provocam enorme instabilidade no clube. As instâncias não têm autonomia. Assim, decisões são tomadas por conveniências conjunturais e o clube hoje não tem perspectiva a médio e longo prazo. A preocupação é de subir o time para primeira divisão e principalmente, definir quem será o sucessor de Alexi Portela.

Uma visão rasteira pode dar como solução para o problema a concentração de poderes no clube sob cumplicidade "aristocrática", como ocorreu na era Paulo Carneiro e momentos da gestão Alexi Portela. Só que este caminho já deu demonstração de esgotamento em curto prazo e os resultados são devastadores.

Então, qual seria a alternativa? Nas arquibancadas do Barradão têm se apresentado caminho plausível e factível ao futebol e sociedades modernas. O primeiro passo é instalar de fato uma democracia, onde todos (as) que são integrantes da nação rubro-negra possam participar efetivamente das decisões ao escolher conselheiros comprometidos com um programa e seus respectivos eleitores.

O segundo passo é dar autonomia as instâncias do clube, e consequentemente profissionalizar de fato o futebol. Ora, não há nada de dicotômico entre ampliar participação e o profissionalismo. O papel dos conselheiros é de construir diretrizes nde planejamento, aprovar contas e escolher gestores conforme a capacidade, formação. Os gestores devem ter contratos com o clube, e devido a dinâmica de mercado internacional, podem vir a ter participações nos lucros e/ou altos salários. Não dá para este funcionário contratar costumeiramente jogadores que ganham três mais do que ele, ou estar muito suscetível a assédios de outras agremiações.

Não é papel dos conselheiros frequentar os vestiários e as salas de reuniões dos profissionais, a não ser em ocasiões especiais de apoio ou conhecimento das atividades. Fora das reuniões do Conselho, o lugar deles é na arquibancada. Chumbinho sabe muito bem disso. Ele foi gestor do Internacional, o clube que mais aplicou essa lógica no país, tendo como resultado um título mundial.

PS: assistam "Moneyball: o homem que mudou o jogo". Serve também para comparar Romário e Nino Paraíba. O garoto da base já participou de mais jogadas de gol em três jogos, do que Nino em todo ano de 2011.