terça-feira, julho 30, 2013

Joaquim Barbosa: o inimigo imaginário.

Joaquim Barbosa é o inimigo imaginário, por dois motivos: 

Primeiro que é quase nula a possibilidade de ser candidato à presidência: tem uma saúde debilitada, nenhum agrupamento partidário sólido com vínculo, nenhuma elite econômica disposta à financiá-lo, e ainda por cima é preto, ao que declarou ser barreira intransponível no País atualmente para tal cargo.

Segundo é que os ataques desenfreados buscam anular o simbolismo a que ele carrega. Das lideranças políticas no País, somente Lula, um operário e nordestino; e Dilma, uma mulher, ex-guerrilheira; detém carga simbólica equivalente a Barbosa. 

Repito o que já escrevi, os erros cometidos por ele no STF não são inferiores ao do tradicional petista Ayres de Britto, ou os outros sete membros da corte indicados por governos petistas nos últimos 10 anos. Logo ele, a que todos sabemos ser isolado no Tribunal, se coloca um poder desmensurado nas decisões. Na verdade, o poder dele é simbólico. Poder que o STF não detinha até então.

É uma pena que a esquerda continue a se distanciar de um dos principais lideres negro da história brasileira. É uma pena também que muitas lideranças negras estejam em silêncio, não compreendendo que a destruição do simbolismo de Barbosa afeta a todos nós. Ainda mais quando isso é feito sob chuva de acusações sem direito ao contraditório, rasteiras e até infundadas.

Ao final, fico com as palavras de Dilma na Folha de hoje: "É o primeiro negro presidente do tribunal, pelos seus méritos, uma pessoa que se superou...Como presidente de poder, o Joaquim Barbosa sempre foi extremamente correto comigo".