quarta-feira, julho 16, 2008

Um ménaje à truá de Gal, Marx e Toqueville


É imensurável o tesão estimulado na capa do disco “Índia”, Gal Costa, 1973. Com um corpinho de baiana aos 28 anos de idade, Gal apresenta sua magra barriga ao mundo vestida com um biquíni que não esconde as marcas do sol e as curvas da b..... . As mãos na altura da cintura passam a sensação que ela está segurando a curta saia de palha doida para que alguém a tire em sincronia com a maciez e volúpia do seu corpo. Biquíni e vestimenta indígena da capa - produzida por Waly, quando era Sailormoorn - dão tônica ao hibridismo tropicalista presente nas nove faixas do LP.

Outros ilustres presentes do disco são: Gilberto Gil que assume a direção musical e toca o violão e violão de 12 cordas; Dominguinhos solta o acordeom; Toninho Horta Guitarra na guitarra; Chico Batera na percussão e efeitos além de participações especiais de Roberto Menescal, Wagner Tiso e Rogério Duprat – responsável pela releitura de Índia, a clássica guarânia paraguaia.

Entre aqui para baixar o disco


Falando em misturas o texto que segue é:

Um swing com Marx e Toqueville

Nos últimos quinze dias tive duas discussões sobe estética e política que me inquietaram. Na primeira sobre a idéia de vanguarda, que pra mim cheira a partido único, pureza, centralidade e tantos outros valores deterministas que não se desfazem em poucos séculos, nem com mais duzentos novos Karl Marx´s deixando o legado filosófico de reinterpretar a historia. Em outra conversa questionei a hipocrisia democrática que permanecerá mesmo com o nascimento de quinhentos Toqueville´s colocando as paixões, perigos e limites da democracia.

O curioso é que debati sobre política uma amiga cinéfila que virou jornalista de redação, entusiasta da rigidez técnica e analítica na estética. Já sobre estética dialoguei com um administrador com formação em ciências sociais que caminhou para a construção política dentro de um partido de esquerda. Creio que no final ambos convergem por apresentar uma perspectiva determinista da história conforme narro a seguir:

A amiga cinéfila é encantada pelos EUA e impenetrável ao discutir a Cuba de Fidel: "um regime com mais de 17 mil mortes por motivação política". Em suas palavras "ditadura é ditadura" e por isso democracia é melhor, seja onde for, utilizando no bate papo a seguinte lógica: democracia > ditadura. Reivindiquei que a democracia não é um valor absoluto, ao contrário, nossa referência democrática burguesa é insuficiente para proporcionar igualdade e liberdade.

Quanto a Revolução Cubana a compreendo historicamente. O país vivia sob uma ditadura com apoio norte americano e em clima de guerra civil quando uma parcela considerável da população apoiou um grupo de guerrilheiros com discurso de soberania nacional e igualdade. A supressão de liberdades individuais não era tão clara assim nem mesmo no Brasil da época, que tinha um cerne autoritário que convergiu com a ditadura militar de 1964. Portanto Cuba, pra mim, é mais uma peça do passado do que uma referência contemporânea aos demais povos da América Latina. Tenho repugnância ao governo castrista da mesma forma que a democracia brasileira, além de sérias restrições a democracia estadunidense e qualquer tentativa de impor os valores e as instituições democráticas eurocêntricas como universais, seja no Iraque ou em Cuba. Creio tanto em liberdade aos indivíduos quanto aos estados nacionais. Sem contar que a liberdade é inseparável da igualdade de oportunidades.

Já o amigo militante auto declarado de esquerda acredita em revoluções socialistas e espera estar vivo quando novas vanguardas artísticas se tornem universais. Além de não acreditar em revoluções, principalmente com os paradigmas da esquerda tradicional brasileira, não acredito na existência de vanguardas. Num mundo inundado de tecnologias informacionais e distribuído em complexas interpretações e práticas sócio culturais, defendo ser inviável a presença de um segmento capaz de determinar novos padrões estéticos que não seja incorporado instantaneamente pelos mecanismos e valores da sociedade de consumo de massas. Até mesmo a genialidade moderna, atrelada às vanguardas, é questionada pela física quântica. Qualquer transformação substanciosa na cultura também será lenta e pulverizada, com influências da espiritualidade oriental à sensualidade latina. Esqueçam dicotomias como regionais x universais ou centrais x periféricos.

3 Comments:

Blogger Heloiza said...

nem mesmo os argumentos lançados exaustivamente naquele '14 juillet' (que dia pra se debater vanguarda!) parecem tê-lo convencido que todo processo social carrega dentro de si diversas influências e será dirigido por alguém ou alguéns, mesmo que à revelia, né... rsrsrs

agora, só não entendi porque v. trocou o sexo do seu 'amigo administrador com formação em ciências sociais'...

beijobeijo

2:57 PM  
Blogger Pedro Caribé said...

já que você expôs ao público...
troquei os dois sexos porque n tinha autorização para citar as fontes. rs

mas se você tirar o "todo processo" serei mais compreensivo. que totalidade besta... rs

bjos

3:16 AM  
Blogger laisoares said...

ah, mas tão deliciosa essa "hipocrisia democrática"... quão importantes e empoderados não nos sentimos todos dentro dela, hã?
livres para nos expressar, associar e dicidir... ou não?!?! rsrs

ótimo texto, aparecerei mais por aqui.. rs
um beijão!
Laí

12:02 PM  

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