sexta-feira, julho 25, 2008

O bêbado e a camisa do político

Nesta eleição vou sentir novamente falta das camisas dos políticos. A vestimenta servia mais para bêbados do que ganhar votos. Falando em bêbados, segue o primeiro disco de Zeca Pagodinho. Na época ele parecia com Augustinho da Grande Família e cara não estava inchada de cachaça. Mas o alcoólatra mais popular do Brasil não consegue esconder o olhar de quem deve ter tomado umas cinco cervejas antes da fotografia. O disco é uma boa escolha pra quem gosta dos primeiros discos de um músico. Costumam ser rodeados de uma áurea parecida com amor juvenil. São trabalhos menos rebuscados e mais refinados. Os ouvidos agradecem.

Baixe o disco aqui

A idéia de escrever sobre as camisas dos bêbados convergiu com a chatice que está a cobertura de imprensa nos primeiros dias oficiais das eleições, vamos lá.

"Não trocamos votos por camisas"

A ênfase da imprensa nas questões jurídicas nas eleições de Salvador têm deixado a campanha "aporrinhante". Boa parte das reportagens focam no constante desrespeito às regras eleitorais. O que pra mim gera alguns exageros dos envolvidos.

No caso do poder judiciário fica o excesso de impedir as camisas e bonés durante o pleito. Agora os carregadores de bandeira não levam se quer uma camisa de brinde para casa e ainda deixam a cidade mais feia, porque cada um utiliza a camisa na cor que quiser, parecendo quadrilha junina. Fora isso a camisa costumava ser utilizada pelo bêbado da rua. A desmoralização do candidato era proporcional à quantidade de bêbados usando a camisa ou boné. Creio que somente o bêbado quando estava bêbado tinha orgulho dos objetos. Os demais tinham que carregar pelo anos seguintes a foto ou slogan daquele que só lhe dera uma camisa ou boné e mais nada.

Tinha também a figura do caçador de camisas. Lá em Valença minha mãe já tinha o tato de lidar com tais figuras. A Pousada Universal, herdada de dona Matilde por minha mãe, era local visado pelos caçadores de camisa. A resposta freqüente de Dona Flor era: "não trocamos votos por camisas". Na época o PT ainda tinha pudores em dar a camisa para qualquer pessoa. Usar uma camisa petista despertava paixões de todos os tipos. Depois virou vestuário de bêbado. Além do mais, minha mãe sempre soube que camisa não ganhava voto.

Quantos aos políticos João Henrique é o ícone da imoralidade, teve a cara de pau de subir no trio elétrico e apresentar a irregular guarda municipal na frente dos desfiles do Dois de Julho. Espero que as urnas o respondam. Porque nos tribunais as coisas caminham pouco. Costumam virar acordos, ou seja, multas que anulam as sentenças. O acordos servem para diminuir a quantidade e duração de processos nos lentos e angustiantes tribunais brasileiros. Mas não retira o constrangimento do acusado nem a indignação do acusador.

Não vou me esquecer da imprensa, porque não sou adepto ao corporativismo. Não têm o peso que merecem as reportagens sobre excessos em sites dos candidatos, propagandas no orkut ou adesivos - do tamanho de um prato de comida a quilo - colado em camisas. Poucas pessoas visitam sites de candidatos, geralmente é o eleitor já convicto, que tem o direito de saber as ações do candidato como parlamentar ou gestor. Não é uma prática abusiva, ao contrário se fosse em concessões públicas como rádio e TV. Propaganda no orkut talvez seja mais vulgar do que as camisas dos bêbados. Qualquer anúncio político concorre com centenas de propaganda de sexo e da venda de camisas para o Trivela. Quanto aos adesivos do tamanho de um prato, são menos ofensivos e úteis do que as camisas. Talvez merecesse ser uma das "miudinhas" de Tasso Franco no www.bahiaja.com.br .

1 Comments:

Blogger Minêu said...

Bom texto sobre o Agostinho. Vê se não esquece de ir na minha exposição. Abrs!

2:25 PM  

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