sábado, maio 16, 2009

Cole na corda do Fantasmão

(O cantor do Fantasmão no Farol da Barra)

Há algum tempo propago nas mesas de bar que as bandas de pagode Psirico e Fantasmão representam a renovação no carnaval baiano. Entendam essa festa como síntese cultural de um povo, que por sua vez está bem sem graça. Eles revitalizam as ruas da cidade como a Timbalada fizera em 1992 - se diga de passagem, voltada para classe média e turistas - Olodum com Daniela ao cantar Faraó no meio dos anos 80 e Luís Caldas, Gerônimo e Sarajane um pouco antes.

Esse pagodeiros - vistos como vulgares pelos aficionados por mangue beat, chorinho e a banda inglesa do momento - são dos poucos que levantam a massa sem precisar passar no Caldeirão do Hulk ou serem garotos propaganda de produtos de beleza e cerveja. Notas de samba chula do Recôncavo, visual de rapper de subúrbio tupiniquim, guitarra, trio-elétrico, letras de protesto, corpos negros dentro e fora da corda - isso quando saem em bloco.

No caso do Fantasmão (click aqui pra baixar disco) há considerável desprendimento nas amarras da politização culturalista. A origem étnica e social não os satisfaz para estar em destaque na indústria cultural. E nem pensem a periferia soteropolitana aprendeu isso com os Racionais Mc's. O reggae de Edson Gomes é nossa referência de música de protesto.

Pois bem, foi preciso Caetano Veloso defender o valor cultural dos caras nesta bela entrevista que pode ser acessada aqui. Ele também fala sobre seu novo disco e sua obra no começo e ao fim sobre a urbanização de Salvador. No meio, por cerca de dez minutos, o assunto é a relação pagode x tropicalismo e depois defende comemorar o 13 de maio, evocar nova abolição brasileira e nossa “vontade filha da puta de ser americano”.