segunda-feira, janeiro 23, 2012

Feliz Ano Novo, Barradão.




Fui até convencido pelo amigo Alexandre Lyrio em coluna do Correio* que torcedor de radinho e tv não ama menos, mas ontem no Barradão presenciei uma dessas cenas que só a arquibancada de estádio conseguem proporcionar. Na hora da substituição de Uellinton alguns mantiveram as vaias, apesar dois dois tentos marcados. A partir daí iniciou-se um bate boca.

O defensor de Uellinton havia começado o jogo o criticando, e aparentando ter ânimos similares a Apodi e Rildo, foi mudando no decorrer, e passou a declarar amor pelo volante originário da base: "Eu te amo Uellinton", dizia, e ao mesmo tempo corria de um lado para outro da arquibancada.

Enquanto a discussão rola, o juiz marca penalidade máxima em Rildo. A discussão para, os torcedores ao redor tentam desfocar a briga. Mas o danado do juiz volta atrás, a briga retoma, e o doidinho passa alfinetar o emburrado: "Você não faz amor". O problema é que o cara estava com a esposa e filha, todos rubro-negros fanáticos. Se esquenta mais ainda, alega desrespeito a sua companheira, aparece polícia para acalmar.

O chateado, lembra de ter me consolado aos prantos no finado jogo Vitória e São Caetano. As dores e rancores ainda estavam impregnados no Barradão. A esposa também se diz indignada, diz ter levado a filha na barriga e de colo pro estádio, pensa em não voltar mais.

O jogo segue, Neto Baiano perde um pênalti, gols são perdidos. Até que no final as redes voltam a balançar com Lúcio Flávio. Um amigo comenta: "Esse é para tirar a zica". Festa nas arquibancadas, e o doidinho, que havia se saído por orientação da polícia, retorna. Pede desculpas ao casal... Comento: "Dá uma beijinho"... "Agora dá nele também"... paz selada... É quando Neto Baiano marca o sexto, o terceiro dele na partida. Sinais de novos tempos no Barradão. Afinal, só ao final da Série B, contra o Salgueiro, o Vitória jogou com a mesma alegria de ontem.

Ps: 1 - Uellinton é um jogador que se quer merecia discussão entre torcedores. A declaração dele ao final é sinal que não quer continuar no clube, e principalmente, não tem o menor respeito pela torcida.

Bahia que teima ser província

Eis a Bahia...

Seu principal quadro nacional retoma para fincar as bases de transformações do governo J. Wagner, e muito mais que isso, apontar um futuro desconhecido para região ainda atrasada nas questões sociais e principalmente na infraestrutura, ciência, tecnologia, na mentalidade. Gabrielli retorna para fazer do seu estado não uma passagem de verão, como muitos artistas e intelectuais fazem. Não uma mera alegoria "jorgeamadiana", uma ilha, um paradigma esgotado. Ele poderia ir para um posto internacional, viver prestando consultoria no Oriente Médio ou na China. Aliás, ele foi responsável por não deixar a Petrobrás cair no discurso privatista, e torná-la símbolo de um país que ingressou entre as potências mundiais. Poderia ser facilmente ministro federal. Ha, a Bahia? Poderia ser apenas para tomar água de coco, comprar uma casa na ilha de Itaparica e esperar a ponte ficar pronta.

Mas eis que a Bahia, ao invés de preparar os confetes, prepara o punhal para o seu retorno. Nenhuma liderança política, mesmo do seu partido, se antecipa para defender Gabrielli. Talvez alguns queriam, primeiro, ter garantia de qual secretaria terão caso ele seja governador em 2014. Outros ainda almejam ser candidato, mesmo que seja na base do pagar 100 para o vizinho não ganhar 50. Por enquanto, versa o discurso da Globo, que o tratou como mera indicação política de Lula, que deixou a Petrobrás em baixa num mercado financeiro - sem credibilidade. E isso é reverberado por blogs locais de quinta categoria, ou mesmo opositores como Geddel Vieira Lima. Bem vindo Gabrielli, você retorna a Bahia. Ao que já passou incólume por crises de dois governos, terá aqui a sua principal prova da vida: continuar a querer transformar o lugar que ama, mas que teima ser uma província.