quinta-feira, fevereiro 18, 2010

o rebolation é bom

bota a mão na cabeça que vai começar
o rebolation...

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ni aprendeu um monte de coisa bacana sobre o carnaval com um renomado professor de cultura. mesmo assim ela continuava a ter pitadas de preconceito sobre o a festa baiana e vida citadina em salvador. criada nas ruas de olinda e nos palcos do recife antigo, é cheia de discursos de como poder público pode e deve intervir na folia e na cidade. "deveria diminuir a largura das cordas nas ruas"; "o camarote poderia ocupar menos espaço na calçada" e etc.

num dia de carnaval baixou um milton santos para debatermos que salvador gira em torno do capital especulativo. pagar cerca de mil reais por dia no camaleão ou num camarote all inclusive é pura especulação. e esse mercado foi fundamental para o crescimento da festa. segundo dados do governo do estado o folião gastou em 2009 uma média de R$ 72,00 por dia na avenida. o do bloco R$ 162,00; camarotes R$ 112,00; e R$ 31, 00 pipoca. no total R$ 127,7 milhões foram gastos. a pesquisa é restrita ao residentes na cidade e aponta que os gastos não são relacionados com renda mensal.

o fato é que o poder público municipal, maior responsável em arrecadar e coordenar o carnaval perdeu o controle para esse capital especulativo. os trios param o tempo que acharem necessário nas torres de tv e camarotes. as cordas apertam a pipoca nos momentos mais curtos do asfalto e colocam a quantidade de camisas que lhe convir. ninguém coordena, ao ponto da terça os próprios artistas reclamarem entre eles pela demora no circuito barra-ondina, a prefeitura é tratada como corpo inerte.

os discursos de ni são válidos, mas se não focarem esses fatores econômicos ficam ao léu. os barões do carnaval dificilmente vão aceitar quaisquer interferências nas suas ações. o modelo pernambuco de financiamento gratuito e conseqüente interferência não me parece o ideal. é preciso que a prefeitura também arrecade, em especial com os patrocinadores, e a partir daí intervenha com vigor nos barões do axé. não só isso, tenha também capacidade de publicizar melhor o retorno triunfal de morais moreira ao lado da guitarra vibrante do filho davi; uma programação vastíssima nos circuitos alternativos, com rock, samba de roda, marchinhas, blocos afros e etc. tudo escondido pelo chiclete, ivete, asa e afins.

ao final, no arrastão da timbalada, eu queria acompanhar carlinhos brown ao lado do olodum e o galo da madrugada. ni, foi enfática: "ele vai tocar frevo e não estou afim de ouvir frevo". pelo menos do preconceito ela se desfez neste carnaval do rebolation.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

na base do beijo e da porrada

Quando eu te pegar você vai ver, você vai ver
Ai de ti, ai de ti.
Vai se amarrar só querer saber de mim
Você vai se dar bem e eu também
Você vai se dar bem e eu também

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no carnaval soteropolitano de 2010 o governo do estado aprendeu, um pouquinho, a fazer carnaval. os trios independentes com o slogan "terra de todos nós" conseguiram dar alguma esperança de dias melhores na hegemonia dos camarotes, blocos de cordas e artistas do jabá. pude ver elza soares, com a voz intacta e a coluna bamba; baby e paulinho ganharem um trocadinho relembrando sucessos dos novos baianos; la pupunha ao lado dos retrofoguetes.

não só nesses trios, no geral os rios de dinheiro injetado na publicidade deram certo na festa momesca e na disputa com o prefeito do pmdb, joão bobão, wagner conseguiu sair melhor na finta. teve inserção na mudança do garcia, na saída ilê e não saiu vaiado, como o prefeito no domingo da festa, em pleno campo grande.

porém, da janela da casa de ni, vejo nesse momento uma cerimônia de encerramento dos trabalhos do batalhão especial da política militar com o secretário de segurança, césar nunes. na frente o slogan "bahia na luta pela paz". patético, hipócrita. a polícia assassina do governo foi o que mais amedontrou neste ano. os milhões da avenida aprendem paulatinamente a conviver com civilidade, mas a polícia continua a bater nos jovens negros com seus bonés e bermudas de "brown". vi, da saída dos mascarados, na quinta, até o arrastão da timbalada, na quarta, atitudes grosseiras e acima de tudo desnecessárias da pm baiana. violência gratuita, sádica.

o clima autoritário, ou melhor, facista, impregna a tudo e todos, aquele que apanha sem pudor, revida do mesmo modo, por razões que os psicólogos devem explicar melhor. basta dar alguma autoridade e instrumentos de coerção para os milhares de seguranças da folia que eles reproduzem o que o governo lhe deixa de exemplo.

meu primo lula deu uma boa sugestão: "basta instruir a polícia a sorrir". trabalhar sorrindo talvez fosse um bom caminho. quem sabe um dia pm deixa de agir na base da porrada e age na base do beijo, como incitou ivete.