terça-feira, novembro 20, 2012

O que explica a blindagem da imprensa a diretoria do Vitória?



Ao longo dos últimos quatro anos jornalistas tricolores fizeram muito mais que torcer pelo seu clube, eles criticaram, investigaram, apontaram problemas e soluções que tornaram clube e torcida mais fortes, ou melhor, menos fracos. Dois desses profissionais cabem serem destacados: Nelson Barros Neto e André Uzêda. No caso de Barros, mais do que fanático, também responsável pelo site Ecbahia.com. Já Uzêda enfrenta a ira de dirigentes e do radialista José Eduardo, o Bocão, sob ameças de violência. Ficou a cargo de ambos diversas reportagens como a o esquema envolvendo a Calcio, OAS e Conselheiros com atletas da base: http://www.ecbahia.com/imprensa/noticia.asp?nid=23426 ; a Relação de desvios de recursos do banco Opportunity, Bahia/SA e até a venda de Daniel Alves
http://www.ecbahia.com/imprensa/noticia.asp?nid=15522 ; Prejuízo de R$ 18 milhões noa balanço 2011 http://www.ecbahia.com/imprensa/noticia.asp?nid=23999 ; Os impasses para realização de eleições diretas no clube: http://www.ecbahia.com/imprensa/noticia.asp?nid=14017 ; O fato de Maracajá presidir ilegalmente o clube http://www.ecbahia.com/imprensa/noticia.asp?nid=11688 .

E sob o Vitória nos últimos anos, quais foram as reportagens que investigaram os problemas do clube? O que justifica esta blindagem a diretoria? Por quê profissionais rubro-negros assumem esta posição? Por quê o torcedor que crítica é menosprezado?

Talvez o problema esteja numa questão psicológica: rubro-negros acham que enaltecer o clube é assumir o lado irresponsável da imprensa prol Bahia. Talvez esteja numa cultura herdada por Paulo Carneiro e repassada a profissionais dentro e fora do Vitória: criticar qualquer coisa é depor contra a Toca do Leão. Não tenho dúvidas que existem alguns casos motivados de ordem (anti) ética, ou mesmo crença que a atual diretoria e figuras como Ricardo Silva merecem algum crédito ainda. Porém, prefiro destacar as questões psicológicas e culturais.

Recentemente, só o radialista Renato Lavigne questionou de forma aberta o encaminhamento de Alexi Portela a derrocada do clube na Série B. O grande amigo Alexandre Lyrio, repórter do "Caderno A" do Correio*, fez uma matéria recente sobre a máfia dos flanelinhas no estádio Pituaçu. Olhe bem, Lyrio não é repórter de esportes,  mas vou esperar dele uma matéria sobre para onde vai o dinheiro e quem são os reais proprietários dos estacionamentos da entrada do Flamboyant no Barradão. Já o velho e respeitável brother, Marcelo Sant´Ana, tricolor roxo, solta umas pitadas críticas sobre orçamento e planejamento do Vitória no Correio*, bem menos que o Bahia, é verdade, mas creio que seria melhor um rubro-negro fazer isso.

Obviamente, não estou falando de torcedor-profissional que se gaba nas redes sociais por ter feito a cobertura das últimas tragédias rubro-negras. Ou mesmo que permite ou estimula uma capa como a do Correio* após a perda do título na Copa do Brasil. Deste naipe, as redações estão recheadas, de ambos os lados, menosprezando o amor ao futebol, vivendo da desgraça, tendo como ícone José Eduardo. E o problema não está em assumir o clube do coração - particularmente não dou credibilidade a hipócrita maioria que diz ao vivo ou escreve no impresso "torcer apenas pelo futebol da Bahia".

O que merece méritos são os profissionais que impulsionaram o Bahia voltar a ser destaque do futebol estadual, e ao mesmo tempo envolvimento do torcedor, tanto em campo, tanto em planejamento da diretoria e até oposição. Uma geração que amargou por quase 20 anos domínio ou um equilíbrio levemente superior rubro-negro, mas que mostrou que os tempos passaram.

Agora é a vez dos profissionais rubro-negros se livrarem dos estigmas pós década de 1990. Adelante, porque espera-se deles investigação da diretoria e valorização do torcedor que a crítica, mesmo subindo à primeira divisão. Adelante, porque aqueles que continuarem a compactuar com a mediocridade no Barradão serão páginas viradas na história, símbolos da era Alexi Portela.

quarta-feira, novembro 07, 2012

Quem é a McKinsey?


Aos desavisados, a McKinsey é a consultoria contratada "gratuitamente" por ACM Neto para elaborar um estudo da reforma administrativa da cidade do Salvador. A McKinsey foi a consultoria responsável por elaborar a reforma nas comunicações brasileiras na década de 1990. Encomendada pelo FMI e Banco Mundial, e em consonância com a Rodada do Uruguai e a posterior criação da OMC, a reforma vendeu a Telebrás, e a partir disso surgiram denúncias de corrupção colocadas para debaixo do tapete, num negócio considerado pela nascente pela OMC como o mais promissor do mundo naquele momento. A reforma elaborada pela McKinsey também criou o monstrengo Lei Geral de Telecomunicações (LGT) e Anatel, a agência mais capturada pelo poder privado no País. Nem precisa dizer a qualidade e os preços dos serviços de telecomunicações no Brasil, né?!


Atualmente a McKinsey tem como uma das prioridades a atuação em economias urbanas emergentes.  Na sua página oficial ( http://www.mckinsey.com ) é possível ver que Salvador é uma sedes dos escritórios na América Latina da empresa, e que Salvador está entre as 600 cidades listadas como responsáveis por 65% do crescimento do PIB mundial até 2025. Não tem um pingo que mobilidade, participação, meio ambiente ou qualquer coisa nesse sentido no site oficial. O foco é nas oportunidades para empresários e a necessidade dos políticos se adequarem.



É este mesmo modelo que desembarca em Salvador a partir do dia 1º de janeiro. O neoliberalismo levado às últimas consequências na privatização do espaço público, bem como em esquemas de corrupção. Tudo isso foi escondido durante a campanha. ACM Neto praticamente não explicitou suas pretensões à cidade. Entre os poucos debates de programa que travou com Pelegrino foi ser contrário a taxas para universalização do saneamento básico. A campanha de Pelegrino também não suscitou programas que pudessem ser rebatidos de forma ferrenha, ao contrário, várias propostas foram incorporadas por Neto.



Qualquer sorte, sempre suspeitei que ACM Neto tinha escondido na manga um projeto para à cidade que pudesse ser tão ou mais nefasto quanto a reforma urbana elaborada pelo seu avô em 1968, que da "noite pro dia" repassou enormes fatias do solo urbano para empreiteiras e particulares, e passou a expulsar o pretinhos que restaram nas áreas "nobres".