sexta-feira, agosto 09, 2013

Por que o Fora do Eixo não pode fazer autocrítica?




Autocrítica é uma prática que deve ser naturalizada por todos aqueles que fazem luta política. Errou, reflete, expõe e procura mudar. Só aqueles com grandeza humana e política podem fazer isso. Então, por que o Fora do Eixo não pode fazer autocrítica? 


Até agora, em nenhum momento eles respondem de forma objetiva as críticas, porque em muitos casos significa assumir o erro. Acho a experiência deles referência para nosso tempo. O que eles fizeram já deixou marcas. Daqui pra frente vai ter que se fazer mobilização cultural melhor que eles, ou mesmo, que eles se superem. 

Mas não dá para continuar a escamotear as movimentações políticas, a falta de transparência sobre a utilização de recursos públicos, bem como mecanismos falsos de obtenção, a exemplo de públicos "superfaturados". Também não dá para não responder sobre as denúncias de exploração do trabalho, apropriação indevida de produção artística, e principalmente casos de opressão.

Ou respondem e mudam algumas práticas, ou vão ficar para história como os caras que acumularam capital - simbólico, financeiro e político - as custas de exploração predatória, não regulamentada, por estar protegida por círculos pessoais e afetivos opressores.

domingo, agosto 04, 2013

Antônio Risério, por favor, deixa a política de lado.

Antônio Risério é uma figura respeitável intelectualmente, suas obras, e principalmente seus textos, são bem sedutores. Por isso, estou estimulado em ler o livro sobre Edgard Santos. Mas quando o mesmo Risério descamba para declarações com impactos políticos, é um desastre. 

A última dele foi dar um glamour intelectual ao falecido Antônio Carlos Magalhães, inclusive ao desassociá-lo de uma Bahia que tem Ivete Sangalo e Nizan Guanaes como referências culturais. No fim das contas, o legado de ACM tem relação direta com empobrecimento "cognitivo" desta província. Entre outras coisas, fez da política cultural apêndice de um turismo predatório, e também deu elementos para o erguimento um estamento empresarial dos "Maristas", conforme Leitieres já declarou. 

Entre esses "bunda de caruru" do Axé está o netinho Duquinho, dono da Penta Eventos e do Camarote Salvador. Sem contar o papel das emissoras da Rede Bahia nos negócios que movimentam a cultura, bem como o poder dado os publicitários na construção do imaginário local. Tudo bem que esta herança maldita não foi monolítica, mas foi o saldo final. 

Na mesma entrevista Risério diz que o atual governo estadual não tem a menor noção do que é cultura. A birra de Risério a política cultural estadual e nacional está no fato do seu companheiro Roberto Pinho ter sido exonerado por suspeitas de corrupção, num escândalo que quasse derrubou Gilberto Gil no Ministério da Cultura. Risério lançou uma carta em defesa de Pinho, e também partiu em retirada. Feita a limpa, Juca Ferreira a partir de então virou o braço direito de Gil. Graças a Jah! 

Retornarei a Roberto Pinho.

Ano passado um texto de Risério sobre uma tal "Primavera Baiana" se tornou viral. Os novos indignados soteropolitanos se entusiasmaram, aqueles mesmos descolados, já com uns 30 anos, ou mais, que sempre rejeitaram a política, e por isso, não tem não apego a história. Desconfiado, não dei uma "curtida" sequer no texto. Esperei. Fiquei calado para não ser linchado.

Alguns dias depois ele escreveu outro texto no A Tarde elogiando a gestão de Edmon Lucas no Pelourinho. Rarrarrá! Quero ver alguém defender com o peito aberto a atuação de Edmon Lucas no Centro Histórico. Nem mesmo o mais wagnerista.

Edmon é unha e carne com Mário Kertész (MK). Risério se liga nesta teia por fazer parte do grupo que deitou o rolou na prefeitura de MK, tendo como líder mor Roberto Pinho. MK fudeu Salvador tão ou mais quanto João Henrique, e Pinho foi seu grande artificie, inclusive nas denúncias apuradas pelo jornalista Fernando Conceição no A Tarde e depois no saudoso Província da Bahia.
  
Risério quando busca impactar a política é um desastre. 

*Ps: Acho que o principal problema da política cultural do governo estadual dos últimos seis anos é não ser protagonista no projeto político. Em conformidade, há traço adorniano, mesmo inconsciente, que separa a necessidade imprescindível da cultura dialogar com outros espaços da política, e das industrias culturais, em especial a comunicação. O resultado é que as boas iniciativas até então não demonstram capacidade de viabilizar a consolidação de um paradigma cultural pós-Axé que emerge nas ruas. Mas isso é outro papo.