O grande mito nos 50 anos da Globo
O mito mais forte nestes 50 anos da Globo é que tudo de bom ou mesmo popular no audiovisual brasileiro é derivado dos seus esforços. Em partes, este mito é alimentado pela formação dos comunicadores. Não tive uma disciplina na graduação de história da imprensa, televisão ou cinema no Brasil, muito menos a relação da produção audiovisual com as demais expressões artísticas.
Infelizmente, não sabemos o papel da Tupi, Excelsior, teledramaturgia cubana, circo, teatro e até mesmo do cinema na nossa cultura audiovisual. Beto Rockfeller e Pantanal, marcos das telenovelas nacionais, são apenas alguns exemplos que foram apropriados e formatados no padrão Globo devido o modelo de concentração adotado.
Engolimos esta situação como algo dado, inexorável, e, infelizmente, se reproduz nos dias atuais com atuação conjunta da Globo Filmes, Globosat e Tv Globo. Muitos se iludem que sem a expertise, seja artística, seja comercial, deste conglomerado, não teremos uma expressão audiovisual potente no país.
Isso se reproduz em grande medida na Ancine hoje, e sua retração em democratizar os recursos do Fundo Setorial do Audiovisual. Aliás, Manoel Rangel saiu em defesa da Globo recentemente.
E assim, mais uma vez na história, a família Marinho assume um protagonismo no país calcado no apoio estatal e extrema concentração, permitindo ocultar e se apropriar da diversidade cultural no país, num momento que a multiplicidade de plataformas e condições tecnológicas possibilitam ir muito além.