segunda-feira, janeiro 07, 2013

Vão deixar a "Negona da Cidade" ser desmoralizada?





Olívia Santana está passando, provavelmente, pelo maior vexame da sua trajetória. Já ouvi críticas a ela, mas jamais num nível tão ácido quanto de alguns "intelectuais". O pior é que não foi no âmbito privado, foi público, ao blog "Política Livre", que endossou, sob êxtase.

Podem até desejar outro perfil na Pedro Calmon, e particularmente, acho que seria mais proveitoso colocá-la em outro órgão. Mas Olívia não merecia ser tratada como um João Bacelar ou Carbalhal da vida.

Pensadores (as) e artistas negros(as), ou mesmo feministas da Bahia, não vão defender a "Negona"? Se personalidades do naipe de Jaime Sodré, Mãe Stella, Lazzo e Mateus Aleluia não saírem em sua defesa, ela sairá desmoralizada.

Olívia Santana é hoje a principal liderança política negra da cidade de Salvador. No âmbito feminino, só perde para a ex-prefeita Lídice da Mata. Na "boca pequena", comentam que se qualquer uma das duas saísse como candidata, a campanha contra ACM Neto seria, no mínimo, mais digna. Há quem acredite que a militância teria ido para as ruas do começo ao fim, e a vitória ia ser histórica.

Ter trabalhado como servente ou "presenciar" a morte de cinco dos seus sete irmãos (as) devido a pobreza só lhe engrandeceram. A perda dos pleitos para deputada federal (2006) e estadual (2010) foram quedas duras, mas Olívia saiu de cabeça erguida, porque a responsabilidade ficou sob as costas do seu partido, e até mesmo do campo da esquerda, que não priorizou sua eleição.

Outras mulheres como Marta Rodrigues e Vânia Galvão experimentaram recentemente  do mesmo veneno em Salvador. Ambas foram preteridas nas eleições municipais para uma bancada mais fraca da história do PT na Câmara de Salvador. Os Lessa´s e Carbalhal´s - é melhor parar por aqui - da vida se multiplicaram.

Por isso, a desmoralização de Olívia atinge muito mais do que os seus apoiadores orgânicos, ou ao PCdoB. Olívia simboliza um fio de esperança para aqueles que se dizem de esquerda, feministas ou anti-racistas em Salvador. Se enganam aqueles (as) que desejam se aproveitar dos votos que ela deixou para eleger outros negros no último pleito municipal.

Leia Mais:
Intelectuais chamam de “desrespeito” possibilidade de Olívia Santana ser indicada à Fundação Pedro Calmon




sexta-feira, janeiro 04, 2013

Nem tudo são cinzas no Solar Boa Vista


Nem tudo são cinzas no Solar Boa Vista. Enquanto João Carlos Bacelar administra a Secretaria de Educação de Salvador sob suspeitas de corrupção, nos governos João Henrique e ACM Neto, o amigo Chicco Assis está à frente da revitalização do espaço cultural do parque nos últimos cinco anos. 

O teatro, antes opaco, se tornou dia e noite local de atividades das diversas linguagens artísticas. Os jardins que Castro Alves passeou são dignificados, em grande medida, pela ação de Chicco.

De lá para cá, entre outras "mil" coisas, o espaço foi responsável por "repatriar" Mateus Aleluia e aglutinar diversos grupos afrobaianos. Neste verão uma programação especial foi preparada com ska, cinema popular, jazz, teatro infantil... o Verão no Solar 40º (http://blogdosolar.wordpress.com/


Iniciativas como a de Chicco não têm espaço na comunicação do governo, e também estão longe de ser fetiche da Rede Bahia, ou do glamour "Guerreiriano".

Brotas agora protagoniza o circuito cultural de Salvador, sob o jeito afetuoso, grande e simples de Chicco.

Eis que hoje o fogo se alastrou. Segundo Chicco: "Como dói ver 400 anos de história se resumindo a cinzas, em 4 horas de combate ao fogo, e suas lágrimas não serem suficientes para abrandar as chamas."

Ainda assim, sob essa dor, Chicco está planejando reconstruir seu castelo de areia, quando a maré - ou melhor, as cinzas - abaixarem. Já está pensando no dia 14 de março, aniversário de Castro Alves, promover uma grande festa em prol da restauração do antigo prédio que ele tenta cercar e girassóis.

Seria uma boa que todos (as) que marcaram ou foram marcados pelos jardins do Cine-Teatro Solar possam contribuir.

Agora vou dormir, vá também Chicco, todos nós temos que mostrar que esta cidade não é a "cityville" de ACM Neto. Temos sangue e história nas veias para reconstruir esta cidade, sem precisar do "netinho".




Mais algumas notas... 
-No mês e julho já está programado uma homenagem ao histórico grupo Badauê no teatro Solar.
- A diretoria de Espaços Culturais da Secult-BA, sob responsabilidade de Giuliana Kauark, tem alta dose de contribuição na retomada do Solar.